quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Filhos da puta

Meu nome é Afonso Soares, e esta é a minha história: 
Eu estava sentado no meu escritório quando lembrei de uma chamada telefônica que tinha que fazer. Encontrei o número e disquei. Atendeu um cara mal humorado dizendo:
- Fale!
- Aqui é Alfonso Soares. Poderia falar com Andrea?
De repente senti que desligaram na minha cara. Não podia acreditar que existia alguém tão grosso. Depois disso, procurei na lista telefônica o número correto da Andrea e liguei. O problema era que eu tinha invertido os dois últimos dígitos de seu número. Após falar com a Andrea, observei o número errado ainda sobre a minha mesa e decidi ligar novamente. Quando a mesma pessoa atendeu eu falei:
- Você é um filho da puta !
Desliguei imediatamente, anotei o número escrevendo ao lado  "filho da puta" e o deixei sobre a minha agenda.
A cada três ou quatro dias quando eu estava nervoso com alguém, ou com um mal dia eu ligava pra ele. E quando o infeliz atendia eu dizia “Você é um filho da puta”, e desligava. Isto me fazia sentir realmente muito melhor. Uns meses depois, a Cia Telefônica introduziu o novo serviço de bina, o qual me deixou triste porque tive que deixar de ligar para filho da puta. Então, um dia, tive uma ideia. Disquei o seu número de telefone, ouvi a sua voz dizendo "Alô" e mudei de identidade:
- Olá, estou ligando do departamento de vendas da Cia telefônica, para ver se conhece o nosso serviço de bina que é um identificador de chamadas.
- Não! 
E desligou na minha cara.
Rapidamente, feliz da vida, eu disquei novamente:
- Alô!
- Por isso que é um filho da puta! 
E desliguei.
A razão pela qual gastei o tempo para contar esta história, é para mostrar que se existe algo que realmente está lhe incomodando sempre se pode fazer alguma coisa a respeito. Simplesmente disque o número de algum filho da puta e xingue o cretino. Assim passou o tempo até que um dia como qualquer outro, eu estava aguardando uma velhinha que demorava muito tempo para tirar o carro da vaga no estacionamento. Inclusive achei que ela nunca fosse sair. Quando seu carro finalmente começou a sair lentamente do seu espaço, dadas as circunstâncias, decidi retroceder o meu um pouco para dar a ela todo o espaço que fosse necessitar: "Grandioso" pensei, "finalmente vai embora". Porém, apareceu um Camaro preto na contramão e estacionou na vaga que eu estava esperando. Comecei a buzinar e a gritar: 
- Não pode fazer isso! Eu estava aqui primeiro! 
O fulano do Camaro simplesmente desceu do carro, fechou a porta, ativou o alarme e caminhou no sentido do shopping, ignorando a minha presença como se não estivesse ouvindo. Ante a sua atitude pensei: "esse tipo é um filho da puta! Com toda certeza tem uma grande quantidade de filhos da puta neste mundo!". Foi aí que percebi que o cara tinha um aviso de "VENDE-SE" na janela do Camaro. Então, anotei o número do telefone e procurei outra vaga para estacionar. Após alguns dias, eu estava sentado no meu escritório onde acabara de desligar o telefone após ter discado o número, agora na memória, do primeiro filho da puta e dizer "Você é um Filho da puta." quando vi o número do cara do Camaro preto e pensei: "Deveria ligar para esse cara também". Depois de um par de toques alguém atendeu o telefone e falou:
- Alô.
- Falo com o senhor que está vendendo um Camaro preto?
- Sim, é ele.
- Poderia me dizer onde posso ver o carro?
- Sim, eu moro na Rua XV, n° 527. É uma casa amarela e o carro está estacionado na frente.
- Qual e o teu nome?
- Meu nome e Eduardo Silva
- Qual a hora é mais apropiada para encontrar com você, Eduardo?
- Pode-me encontrar em casa à noite e nos finais de semana.
- É o seguinte Eduardo, posso te dizer uma coisa?
- Sim.
- Eduardo, você é um filho da puta! 
E desliguei o telefone.
Depois de desligar, coloquei o número do telefone do Eduardo Silva na memória do meu telefone. Por um instante as coisas pareciam estar indo muito bem, mas na verdade eu tinha um problema porque agora eram dois filhos da puta para ligar. Após vários meses de ligações ao par de filhos da puta e desligar, a coisa já não era tão divertida como antes. Este problema me parecia muito sério e pensei em uma solução. Em primeiro lugar, liguei para o filho da puta 1. O cara grosso atendeu:
- Alô
- "Você é um Filho da puta - e não desliguei e o filho da puta diz:
- Ainda está aí?
- Simmmmmmmm!
- Pare de me ligar.
- Não.
- Qual e o teu nome, lazarento ?
- Eduardo Silva.
- Onde você mora ?
- Rua XV n° 527, em uma casa amarela.
- Vou até aí agora mesmo Eduardo. E bom que comece a rezar.
- Uuy! Sim? Que medo me dá, filho da puta.
E desliguei o telefone na cara dele. Imediatamente liguei para o filho da puta 2.
- Alô.
- Olá Filho da puta !!!
- Se eu te encontrar vou...
- Vai o quê ? O que que você vai fazer ???
- Vou chutar teu traseiro !!!.
- Bom, esta é a tua grande oportunidade, pois estou indo para tua casa filho da puta.
E desliguei o telefone na cara.
Logo, fiz outra ligação para a polícia. Falei que estava na Rua XV n° 527 e que ia matar o meu namorado homossexual assim que ele chegasse em casa. Finalmente peguei o telefone e liguei para um programa de TV sensacionalista para reportar que ia começar uma guerra de gangs na Rua XV n° 527. Depois de fazer isto, peguei o meu carro e fui até lá para ver o espetáculo. Foi glorioso, observar um par de filhos da puta chutando-se na frente da equipe de reportagem, 6 viaturas e um helicóptero da polícia.

Foi uma das melhores experiências de minha vida!

6 comentários:

Opa! Beleza?
Já que veio até aqui deixe um recado nem que seja para me mandar longe, mas neste caso deixe o dinheiro do taxi porque de busão ninguém merece.